domingo, 30 de outubro de 2011

Rezar ou não Rezar?!

Hoje decidi partilhar convosco uma "tempestade" que tive de travar, mas que venci!
Como já referi para mim ir para o hospital dos Covões, foi uma fase horrível. Foi como se me tivessem tirado o tapete dos pés, e fiquei desamparada sem saber o que fazer.
Sempre que estava sozinha dava comigo a chorar, porque eu não queria estar ali, porque eu tinha saudades da minha vida normal, porque o meu lugar não era ali e ponto! 
Nessa altura não rezava, não fala com Deus, mas também não queria dizer que não acreditava, simplesmente, tinha muitas dúvidas, e não tinha respostas.
Apesar de tudo considero-me uma sortuda, porque nada é ao acaso, e Deus tem colocado na minha vida pessoas excepcionais.
No Hospital dos Covões, conheci o meu Amigo Padre Pedro. Ele abordou-me com a finalidade de saber porque motivo estaria eu ali.
Eu olhei em redor e pensei.... realmente é estranho! Estar na pneumologia numa sala onde só estão pessoas já de idade avançada, e ser só eu a única "novinha". Eu não gostava muito de falar, queria apenas estar no meu canto  e se possível ficar invisível.
Confesso que o Padre Pedro falava para mim, mas eu nem ouvia, eu não conseguia ouvir ninguém.
Saí do hospital e o Padre Pedro enviava-me todos os meses, um boletim que ele elabora para os seus Cristãos. Eu lia-o, mas não ligava muito a isso.
Mas a verdade é que cada dia me sentia mais desesperada, mais desorientada, sem saber muito bem a quem recorrer nesta minha angústia, que é a minha doença. Cada dia era um tormento, e um sofrimento, sempre que pensava na minha saúde, nos tratamentos que deveria fazer, e não tinha coragem . Contudo, não queria que ninguém se apercebesse que eu estava assim tão triste, tão em baixo. Eu chorava sozinha, sempre sozinha!! Isto durou muito tempo...e a minha angústia continuava....
Até que um dia, dei comigo sentada no Santuário da Nossa Senhora de Vagos, é um lugar pequenino, mas muito bonito. Nesse dia chorei muito, muito, a pedir que me desse forças, e coragem porque eu tinha que seguir enfrente. 
Cheguei a casa, resolvi enviar um e-mail ao meu Amigo Padre Pedro a explicar-lhe toda a minha situação, como que se lhe tivesse a pedir ajuda....
Quando ele me respondeu, eu chorei, chorei muito. As palavras dele tocavam-me no coração, ele longe e dava-me tanta coragem.
Eu pensava que passava despercebida, mas as minhas irmãs sentiam que eu não estava bem, então acharam melhor que eu começasse a ir a uma psicóloga, sinceramente, não ajudou, ou eu é que não facilitei o trabalho dela....então desisti das consultas.
O Certo, é que o tempo foi passando e eu fui começando a ter umas conversinhas com Deus...
No meu segundo internamento, a minha reacção foi exactamente a mesma, muitas lágrimas...Mas existia uma diferença....Estava mais próxima de Deus, conseguia Rezar o Pai-Nosso...Assim consegui que os 14 dias fossem um pouco mais fáceis.
Mas continuo com muitas dúvidas, e sempre em contacto com o Padre Pedro.
Noutra altura em que vivia em desespero voltei a escrever-lhe, onde no final ele me aconselhou a ler o Livro de Job. Eu acredito tanto no meu Amigo, que não tinha nenhuma Bíblia em casa, mas fui logo comprá-La.
Li o livro muito rapidamente, voltei a ler, e mais outra vez. 
Existe uma mensagem lá que não me saí da cabeça, e que tornou tudo muito mais fácil para mim a partir daí.
Uma mensagem simples "...não cabe ao homem julgar o modo divino de proceder, mas aceitar humildemente tudo quanto Deus julga oportuno enviar-nos."
Esta mensagem tornou tudo muito mais fácil para mim, aceitar, aqui estava a palavra certa e tão difícil de compreender.
Ultrapassei esta minha "tempestade"! Hoje Rezo o Pai-Nosso quase diariamente, sei e tenho Fé que Deus olha por mim SEMPRE, que não me abandonará. Este meu pensar tem-me ajudado a ultrapassar momentos menos bons, Digo sempre " Eu aceito de coração, mas Ajuda-me a ter Coragem!"
Ás vezes estou a fazer a minha cinesioterapia em casa, e choro, porque eu não a queria fazer, mas peço a Deus que me dê coragem para terminar o tratamento desse dia, posso terminar a chorar, mas TERMINO!

Mensagem:

Em qualquer adversidade da vida é muito importante, acreditar-mos!! Agarrar-mo-nos a algo que nos faça seguir enfrente, e percorrer o caminho que for necessário, para vencer!
Eu caminhei até encontrar, o que realmente tranquilizava o meu coração, e me dava alento para seguir mais uns passos na minha caminhada. Hoje sinto sempre que Rezar um Pai-Nosso de coração me ajuda a ultrapassar tudo e dá-me muita força. 
Eu acredito, que só acreditando em Deus tudo é possível!! Assim lutar é mais fácil.

Elisabete Simões


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mais um dia....

Hoje acordei um pouco desmotivada :( Coloquei-me no sofá, a pensar no que poderia fazer para mudar o meu dia, e sentir-me melhor!
Pensei....beber água, é já para começar!!!
Depois, lembrei-me em dar uma vista de olhos no meu blog, encontrei mensagens muito encorajadoras. 
Aos meus AMIGOS agradeço a força!! Acreditem que assim está sendo bem mais fácil!
Sinto muita vontade, de vos falar de um episódio de discriminação que senti.
Certo dia estava eu no meu local de trabalho, fui chamada. A conversa começou por me perguntarem como eu me sentia a nível de saúde....eu inocentemente respondi toda a verdade, uma vez que tinham acesso ao meu quadro clínico.
Então fui aí que comecei a sentir algum tom de discriminação, ou seja, se eu tinha consciência de que a minha bactéria se transmitia. Que estava a colocar todas as pessoas do meu local de trabalho em risco, que médico negligente era o meu que não me recomendava sair de casa com máscara e usá-la sempre....!ou seja, a conversa chegou ao ponto, de se falar da minha vida pessoal, se não tinha medo de "passar" a bactéria ao meu marido e familiares... que tipo de precauções tinha eu com eles?! Eu nem queria acreditar no que estava a ouvir, e muito menos a sentir...pensei isto é discriminação!!!TÊM MEDO DE MIM!!!!
Fui-me defendendo conforme pode, e que consegui. Contudo, tive de vir para casa, até se aconselharem com o médico da medicina do trabalho. 
Querem que vos diga como me senti?! 
Eu digo! Para além de todo o meu problema, ainda não me tinha deparado com a discriminação. A nível psicológico, foi avassalador.... Chorei, senti raiva de mim própria, senti que não devia passar por esta situação, eu não tinha feito mal a ninguém...
Desde início estava consciente da bactéria que tinha, da sua forma de propagação, e como boa cidadã que me considero, sempre tomei todas as precauções necessárias.
Lembram-se da Gripe A?! Pois bem....
Eu tomo sempre essas precauções no meu dia-a-dia, os desinfectantes fazem parte dos meus objectos de higiene, nunca uso o mesmo lenço de papel mais do que uma vez, quando tenho vontade de tossir, tento que o faça sozinha ou para o braço, ou para um lenço, desta forma não deixo bacilos no ar. Quando me deparo com alguém com gripe ou constipada, não falo para essa pessoa directamente...ou seja, estou consciente do que devo fazer. 
E tenho a consciência que sempre o fiz...
Passados 3 dias, voltei ao trabalho, deram-me alguns conselhos, que bem sei que eram por medo de eu contaminar alguém, mas eu humildemente acatei-os!!
Mas tive de ter a força e determinação para manter o meu trabalho, sendo eu conhecida pela "contagiosa"!!!
Esta foi sem dúvida uma das situações que mais me marcou ao longo deste meu percurso.
Também tive de ouvir, "que duvidavam do meu estado de saúde" mais tarde ainda ouvi " não retiro uma palavra ao que disse sobre o estado de saúde dela"
Meus amigos, a quem cabe na cabeça, que uma pessoa normal, inventaria uma situação desta gravidade???!Eu acho que ninguém que seja realmente honesto e sincero! 
Mas depois de muito pensar, cheguei à conclusão, que nem todos somos iguais. Uns lutamos por uma vida melhor honestamente, outros não conhecem limites não sabem o que é ser verdadeiros!
Mas este é o mundo em que vivemos, pessoas boas, e pessoas menos boas. Mas no fim somos todos iguais, não me cabe a mim julgar quem de mim fala, ou quem de mim faz juízos. 
Cabe-me a mim LUTAR pelo meu bem estar, por uma melhor qualidade de vida. 
 A essas pessoas desejo do fundo do coração que nunca passem uma provação como a minha, caso contrário, irão lembrar-se muito de mim....E eu sinceramente não quero estar no pensamento de pessoas como estas!
É destes episódios, que se vai construindo a nossa vida, mas nem todos eles são maus.
Quando temos em casa um cesto de maçãs, e uma está podre. Não iremos colocar no lixo todo o cesto, escolhemos apenas a podre.
É isto que temos que fazer ao longo da nossa vida, escolher o que queremos reter nos nossos pensamentos e corações, até podemos sofrer com determinada situação, mas isso é óptimo, torna-nos mais fortes!!!

A mensagem de hoje:
Não se deixem abater por quem vos subestima, humilha, ou duvida de vós. Dêem ouvidos a quem realmente importa e faz a diferença. 
Pensem, que os momentos bons dependem sempre da forma como encaramos os acontecimentos!! e LUTEM sempre contra as injustiças e injúrias da forma mais honesta e sincera que conseguirem, eu acredito que desta forma VENCEREI!



terça-feira, 25 de outubro de 2011

EU....

Desde bebé que enfrentei problemas respiratórios, fui crescendo normal como todas as crianças, mas sempre manifestando problemas a nível respiratório. 
Aos 20 anos começam mais a sério as crises, comecei a fazer exames normais, o diagnóstico era sempre o mesmo, bronquite, sinusite, enfim....mas nenhum medicamento me fazia ficar bem. 
Até que decidi ir a uma consulta particular com um clínico geral, que me mandou fazer uma série de exames, RX, análises, posteriormente, recomendou-me fazer uma TAC, e o chamado teste do Suor. Com todos os resultados recomendou-me um pneumologista, andei cerca de 3 anos, a tomar antibióticos e mais antibióticos, melhorias?...Não eram muitas! 
Decidi, que estava na altura de mudar de pneumologista, foi aí que encontrei o meu Querido Médico DR.Jorge Pires. Estava acompanhada com todos os exames que já tinha feito. Aqui começou uma fase menos boa da minha vida.
Em bom português e bem compreensível, o meu médico explicou-me que eu tinha bronquiectasias sendo que o pulmão direito estava mais "estragado" do que o esquerdo. Disse-me também que tinha uma bactéria com nome nada simpático Pseudomona Aeruginosa. Era este o meu diagnóstico! 
Para mim à partida, a medicação tirava-me este problema, existe medicação para tudo!!!
Como estava eu enganada....Passados uns meses o médico achou melhor internar-me no Hospital dos Covões em Coimbra, com a finalidade de erradicar esta bactéria, que não ajudava a minha situação das bronquiectasias. 
A reacção à hospitalização foi péssima, quem gosta de ir para o hospital??!
Sim! Chorei muito, não pelo problema de saúde, mas por ter de deixar o meu marido, a minha casa....
Estive internada 1 semana, onde fui imensamente bem tratada, e até mimada. 
Voltei para casa com a continuação do tratamento, depois novas análises, nova consulta....
Continuava com a bactéria....como pode ser?!! Pois é, lá estava ela alojadinha em mim....com mais medicação o DR.Jorge, explicou-me de novo a situação.
Que eu tinha de fazer cinesioterapia respiratória com a finalidade da recuperação da função respiratória, nomeadamente a melhoria da ventilação pela drenagem de secreções, a ideia era, quanto menos secreções menos possibilidade haveria de infecção e da bactéria se manifestar, também me disse para beber muita água. Que não tinha um quadro clínico muito bom, mas para fazer o que me indicara.
Daí a um ano mais ou menos voltei a ter uma crise muito má, mais antibióticos, mais recomendações, e lá fui andando mais uns meses. 
Até que em Agosto de 2010 o DR.Jorge achou melhor voltar a internar-me, para ver se erradicávamos esta bactéria de uma vez. O QUE HOSPITAL DE NOVO....?!!!
Desta vez foram 14 dias no hospital de Aveiro, onde chorei muito porque só pensava na minha casa, no meu marido, no meu Martim...não foram dias fáceis. Apesar de todo o apoio da família que era muito, estavam sempre lá...O meu marido esteve todos os dias, todas as horas das visitas, lá estava ele....mas passaram!
Quando vim para casa, trouxe comigo uma data de tratamentos para fazer. Contudo, não tivemos sucesso na erradicação da bactéria, ela já estava colonizada nos meus pulmões.
 Por esta altura já começara a encarar a realidade, mas não ainda na dimensão correcta.
Deixei-me andar sem dar muita importância ao problema.
Até que comecei a sentir-me cada dia mais cansada, com mais falta de ar, com mais pieira (chiado no peito), cada vez um pouco mais magra, cada dia mais tosse e expectoração muito feia....mas foi o cansaço que mais me assustou! Subir escadas, tomar banho, aspirar, fazer as coisas de casa, no trabalho transportar pastas, mas quem não consegue fazer isto??! EU!!!!
Então resolvi voltar ao meu pneumologista, uma conversa dura, a qual já ouvira mas não tinha dado o devido valor. 
O meu estado de saúde agravara-se e era irreversível, que teria de redobrar tudo....
Tudo?! Tudo o que eu não fazia....que eu não queria saber....e agora? não posso ter a minha vida normal de volta? 
O quadro clínico encontrava-se desta forma, as bronquiectasias agravaram-se e a bactéria não ajudara em nada, e eu não ter feito o trabalho de casa, é que PIOROU TUDO!
Então quis saber tudo o que me espera, e fiz todas as perguntas...foi duro ouvir as respostas, muito duro!
Daqui para a frente espera-me mais cansaço, espera-me um estado mais debilitado, ainda mais dificuldade em respirar, não poderei ser mãe biológica, e terei de ser transplantada.
TRANSPLANTE??!!!!
Foi muito difícil ouvir, aceitar, compreender....Sentir que não tinha coragem para fazer seguir enfrente com todo o processo...O caso está muito sério, tenho de fazer tudo direitinho!!!!para retardar o mais possível a hora do transplante.
Agora sim, estou preocupada em fazer muita cinesioterapia, beber muita água, não forçar os meus limites....Agora não tenho outra alternativa, pois já sinto muitas dificuldades, as quais me fazem sofrer muito!
Neste momento, encontro-me frágil, muito chorona, com o apoio da minha família, das minhas amigas, mas mesmo assim, sinto-me triste, não queria passar por tudo isto. Quem quer? ninguém...
MAS sei, e tenho CONSCIÊNCIA de que tenho que LUTAR por mim, e por todos os que acreditam em mim.
Então a cinesioterapia já faz parte do meu dia-a-dia, beber água lá vou andando, os meus limites não ultrapasso, tento andar o mais calma possível.
Afinal, quando olho para tudo o que tenho, não posso fazer menos que isto. Tenho tudo para ser feliz, mesmo com as minhas limitações todas, o meu marido continua a lutar do meu lado e apoiar-me MUITO, as minhas irmãs incansáveis todos os dias puxam por mim, os meus pais sofrem a meu lado mas calmos, as minhas amigas sempre a perguntarem se fiz tudo direitinho. Olho e vejo o meu Martim tão pequenino, e quero muito vê-lo crescer, e estar sempre do lado dele. A minha Princesa a Lara que eu vi com os meus olhos a nascer ainda mais pequenina, quem sabe se não irá precisar de mim?! 
Por eles todos, e por mim, VOU LUTAR COM TODAS AS MINHAS FORÇAS.
Vou ter CORAGEM , FÉ, ESPERANÇA, de que tudo irá correr bem.


Com o meu testemunho, quero muito ajudar quem estiver como eu! 
Quero principalmente que evitem os meus erros! Se fosse hoje, levaria tudo muito a sério desde o primeiro dia de consulta com o DR.Jorge, lutaria desde esse dia. 
Chorar....frágil....isto não é sinal de fraqueza, é sinal de que os nossos sentimentos estão presentes, e que estamos conscientes da realidade, então, iremos LUTAR!!!