segunda-feira, 23 de junho de 2014

No bom caminho


O maior estudo genético feito até agora sobre os mexicanos revelou a extraordinária diversidade desta população e lançou luz sobre a vulnerabilidade a determinadas doenças pulmonares relacionadas com a hereditariedade.
Para a pesquisa, feita por uma equipe internacional e divulgada online nesta quinta-feira (12) pela revista Science, foram analisadas mais de 1 milhão de variações genéticas de mais de 1.000 pessoas pertencentes a diferentes grupos étnicos do México.
As análises mostraram diferenças tão marcadas como as que existem entre os europeus e os asiáticos, como foi o caso dos Seri, da costa nordeste do Golfo da Califórnia, e dos maias lacandões, da fronteira com a Guatemala.

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Para Christopher Gignoux, pesquisador da universidade de Stanford, na Califórnia, e um dos principais autores do trabalho, "durante milênios, houve uma extraordinária diversidade linguística e cultural no México com os grandes impérios Asteca e Maia, assim como pequenos grupos de populações isoladas".
— Não só pudemos medir esta diversidade através do país, mas também identificar uma enorme variedade genética que tem implicações reais nas doenças de acordo com o lugar onde se encontram seus ancestrais no México.

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Durante décadas, os médicos basearam seus diagnósticos na herança étnica indicada por seus pacientes ou deduzida por eles.
Mas grupos de populações como os latino-americanos ou os afro-americanos, que são produto de diversas combinações genéticas, podiam ser mal diagnosticados e receber tratamentos equivocados, explicaram os cientistas.
Segundo Esteban Gonzalez Burchard, professor de bioengenharia e medicina na universidade da Califórnia em San Francisco, outro autor do estudo, "no caso das doenças pulmonares, como a asma ou o enfisema, sabemos da importância da herança genética específica de seus ancestrais no México".
— Com esta pesquisa, nos demos conta de que em termos de classificação de doenças, o tipo de população autóctone de que uma pessoa descende desempenha um papel importante.
O estudo abarca a maioria das regiões geográficas do México e foi feita com 511 pessoas que representam os 20 grupos indígenas e outras 500 pertencentes a etnias mistas, os chamados "mestiços".
Os resultados foram comparados com dados genéticos e medidas de capacidades pulmonares de dois estudos anteriores, um com 250 crianças, e foi encontrada uma grande diferença na capacidade pulmonar entre os mexicanos de mestiços e dos de descendência indígena do oeste e do leste do país.
Para Burchard, estas diferenças são clinicamente significativas e poderiam ter implicações importantes para diagnosticar doenças pulmonares.


Elisabete Simões

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